Sobre a identidade missional de jovens e adolescentes.
Quantos de nós, na adolescência ou juventude, já não nos identificamos em formulários como “estudantes”? Essa classificação automática parece inquestionável, mas carrega implicações profundas e, por vezes, problemáticas.
Ser “estudante” nos oferece um pacote de identidade pronto: um lugar na sociedade, propósito e objetivos claros, e o senso de adequação, pertencimento e direção. Mas há muitas evidências de que essa identidade automática não funciona perfeitamente: o hiato entre o ensino médio e a universidade, o vazio de identidade após a graduação, e a tentativa de prolongar a identidade de “estudante” com mais cursos e estágios, a substituição da identidade de estudante por outra identidade pronta, a de profissional graduado. Em cada um desses estágios, a fragilidade da identidade “estudante” se revela, deixando um vácuo missional.
Mas, para o jovem cristão, essa questão é ainda mais problemática. Definir-se como estudante se opõe à identidade proposta por Jesus. Ser “Sal” e “Luz” (Mt 5:13-16), representa uma identidade ativa e influenciadora, oposta à passividade do “ser estudante”. O jovem cristão é chamado a ser uma luz no alto da casa, iluminando a todos, um discipulador, mesmo enquanto está na escola. Sua verdadeira identidade não se limita às salas de aula e aos diplomas. É uma identidade missional, definida pelas Escrituras, que vai muito além do papel de aprendiz, como disse o salmista: “Tenho mais discernimento que todos os meus mestres, pois medito nos teus testemunhos.” Sl 119:99.
Portanto, embora a educação seja uma etapa valiosa da vida, não deve definir quem somos. Ir à escola é apenas parte do ‘indo por todo o mundo’ (Mc 16:15). Nosso chamado é maior: pregar o Evangelho a toda criatura, ensinar, testemunhar, aconselhar, seguindo o exemplo de Cristo. A verdadeira missão é ser Sal e Luz, transformando o mundo ao nosso redor ao negar-se a si mesmo e deixar que Cristo viva em nós.
Então, meus leitores adolescentes e jovens, quero que vocês possam dizer ‘a escola não me define’ e ‘eu sou quem Cristo quer que eu seja’. Aos adultos, digo que não limitemos adolescentes e jovens à função de estudantes. Em Cristo eles são muito mais do que isso. Estejamos comprometidos em ajudá-los a iluminar o mundo todo com a Palavra de Deus.