Integridade é um processo

Nesses dias de tanto individualismo, querer integridade sem esforço intenso e intencional é uma ilusão fadada à frustração.


Resumo: Integridade, como tenho ensinado à minha equipe, vai muito além da honestidade como traço do caráter. Nós vemos integridade como um processo dinâmico, cíclico, comportamental e coletivo, no qual todas as partes do corpo de Cristo, e todas as suas interações integram uma dinâmica coerente e harmônica. Como na engenharia, onde a integridade estrutural é a habilidade adquirida de superar o stress e funcionar sem ruptura, no contexto ministerial, integridade é a habilidade desenvolvida através da integralidade e da integração, para o cumprimento da missão, com resistência e resiliência, mesmo Diante de desafios e pressões.


Por que a integridade se tornou um termo tão importante no mundo corporativo e mesmo no ministério? Parece que a fragmentação da verdade e o individualismo destruíram, entre outras coisas, a ética na moralidade e a santidade na espiritualidade, gerando um vácuo que faz as pessoas clamarem por integridade. Porém, o modo como o mundo discute o tema se afasta bastante do texto bíblico. Quando vemos Paulo tratando do tema na carta aos coríntios, igreja que precisava tanto dessa lição, nós o ouvimos dizer: 12Ora, assim como o corpo é uma unidade, embora tenha muitos membros, e todos os membros, mesmo sendo muitos, formam um só corpo, assim também com respeito a Cristo. 13Pois em um só corpo todos nós fomos batizados em um único Espírito: quer judeus, quer gregos, quer escravos, quer livres. E a todos nós foi dado beber de um único Espírito. 1Co 12:12-13 NVI.

Nesta e em outras passagens bíblicas, somos levados a perceber integridade, não como um atributo isolado, mas o resultado de um processo, não como uma característica da pessoa, mas como uma condição para o cumprimento da missão. As três perícopes que seguem ampliam e detalham um processo dinâmico, cíclico, comportamental e coletivo, em que podem ser identificados três estágios distintos, para os quais temos diferentes termos na Língua Portuguesa, ainda que nem sempre conscientemente utilizados: integralidade, integração e integridade. O propósito deste ensaio é examinar o processo da integridade conforme as Escrituras, concluindo com a introdução à força motriz que impulsiona a igreja através de cada ciclo. Finalmente, veremos pelo menos mais um dos muitos outros ensinos que apresentam essa mesma visão do assunto pelo qual o mundo anseia, embora não tenha os recursos espirituais necessários para obtê-lo.

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Integralidade, o primeiro estágio.

Quem já teve o desgosto de montar um quebra-cabeças de 1.000 peças só para chegar às últimas e perceber que faltava uma peça para completá-lo? Que mecânico poderia fazer uma máquina funcionar perfeitamente se lhe faltasse um componente? Que frustração! Mas em um mundo que preza tanto os alimentos integrais, não há grande preocupação com a integralidade da família ou da igreja. Sem perceber que essa é a principal razão de tantas enfermidades emocionais, as pessoas tentam ser tudo em si mesmas, evitando contar com outros ou depender deles. O fato é que sem integralidade não é possível a integridade. Vejamos como o apóstolo Paulo explicou isso aos coríntios.

14O corpo não é feito de um só membro, mas de muitos. 15Se o pé disser: “Porque não sou mão, não pertenço ao corpo”, nem por isso deixa de fazer parte do corpo. 16E se o ouvido disser: “Porque não sou olho, não pertenço ao corpo”, nem por isso deixa de fazer parte do corpo. 17Se todo o corpo fosse olho, onde estaria a audição? Se todo o corpo fosse ouvido, onde estaria o olfato? 18De fato, Deus dispôs cada um dos membros no corpo, segundo a sua vontade. 19Se todos fossem um só membro, onde estaria o corpo? 20Assim, há muitos membros, mas um só corpo. 1Co 12:14-20 NVI.

No texto que lemos, Paulo utilizou a metáfora do corpo para ilustrar a diversidade e a unidade da igreja. A estrutura do texto é clara e didática, dividida em uma série de comparações entre os membros do corpo e os crentes. O apóstolo começou reafirmando que o corpo não é composto de um único membro, mas de muitos, sublinhando a necessidade de diversidade no corpo de Cristo (v. 14). Ele prosseguiu ilustrando a insensatez de um membro do corpo, como o pé ou o ouvido, afirmar que não pertence ao corpo por não ser outro membro, como a mão ou o olho (vv. 15-16). Essas comparações ressaltam que cada parte do corpo tem uma função única e insubstituível, e que a ausência de qualquer uma comprometeria a funcionalidade do corpo como um todo. No versículo 17, Paulo questionou de forma retórica a absurda possibilidade de todo o corpo ser composto de um único órgão, mostrando que a diversidade é essencial para a integridade do corpo. Ele concluiu no versículo 18 que Deus, em Sua soberania, dispôs cada membro no corpo conforme a Sua vontade, e reafirmou que a unidade do corpo é composta por muitos membros distintos (vv. 19-20).

O escopo desta passagem destaca a diversidade dentro da comunidade cristã, insistindo que todos os membros devem estar presentes, nenhum pode ser desprezado. Paulo combate a mentalidade de inferioridade e inveja que pode surgir quando um membro não reconhece sua importância ou deseja o lugar de outro. Ele também corrige a tendência ao individualismo e ao isolamento, reforçando que a igreja é chamada a funcionar como um organismo unificado, onde cada membro, apesar de ser diferente, é indispensável para o bem comum. O acerto promovido aqui é o reconhecimento da soberania de Deus na distribuição dos dons e funções dentro do corpo, e a valorização de cada membro conforme o propósito divino. As instruções oferecidas, portanto, incluem o chamado a aceitar e cumprir a própria função e a honrar a diversidade dentro da comunidade, almejando que cada parte, por menor ou menos visível que seja, esteja presente e funcione para que o corpo exista.

Este texto nos leva a refletir sobre a presença dos crentes na igreja. Ele nos impulsiona a aplicar hoje a ideia de que cada crente, com seus dons e talentos únicos, é essencial para a funcionalidade e saúde do corpo de Cristo. Somos compelidos a confessar que, muitas vezes, podemos desprezar o papel que Deus nos deu ou invejar os dons dos outros, caindo na ilusão de que nem todos são importantes ou necessários. O texto nos chama à conversão de uma mentalidade egoísta e competitiva para uma postura de cooperação e valorização mútua. Em termos de continuidade, este texto inspira a santificação no sentido de cultivar uma comunidade onde a diversidade de dons é celebrada e utilizada para edificar a igreja como um todo, reconhecendo a soberania de Deus em todas as coisas. A integralidade do corpo de Cristo se manifesta quando cada membro está presente e se alegra com a presença de todos os outros, refletindo a unidade na diversidade que Paulo tão eloquentemente descreveu.

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Integração, o segundo estágio.

As receitas culinárias bem escritas dedicam um primeiro capítulo à lista de ingredientes que devem ser reunidos, isso é integralidade. Não pode faltar nada, ou a receita não funcionará. O capítulo seguinte, modo de preparo, consiste nas diferentes ações de misturar os ingredientes. Palavras como misturar, bater, mexer, peneirar, dobrar, amassar, emulsionar, cremar, incorporar, são constantemente usadas para essa fase do preparo. Do mesmo modo, para produzir integridade, é necessária a integração dos membros. No texto seguinte, Paulo nos mostrou a importância de integrar a todos e como isso se obtém.

21O olho não pode dizer à mão: “Não preciso de você!” Nem a cabeça pode dizer aos pés: “Não preciso de vocês!” 22Ao contrário, os membros do corpo que parecem mais fracos são indispensáveis, 23e os membros que pensamos serem menos honrosos, tratamos com especial honra. E os membros que em nós são indecorosos são tratados com decoro especial, 24enquanto os que em nós são decorosos não precisam ser tratados de maneira especial. Mas Deus estruturou o corpo dando maior honra aos membros que dela tinham falta, 25a fim de que não haja divisão no corpo, mas, sim, que todos os membros tenham igual cuidado uns pelos outros. 26Quando um membro sofre, todos os outros sofrem com ele; quando um membro é honrado, todos os outros se alegram com ele. 1Co 12:21-26 NVI.

Paulo continuou a desenvolver a metáfora do corpo, agora enfatizando a interdependência dos membros e a necessidade de valorização mútua dentro da igreja. A estrutura do texto é construída em torno da ideia de que nenhum membro do corpo pode declarar a irrelevância de outro. Paulo começa afirmando que o olho não pode dizer à mão “Não preciso de você”, nem a cabeça pode dizer aos pés “Não preciso de vocês” (v. 21). Isso destaca que, embora diferentes em função, todos os membros são necessários. O apóstolo continuou explicando que, ao contrário do que se possa pensar, os membros do corpo que parecem mais fracos são, na verdade, indispensáveis (v. 22). Ele seguiu dizendo que os membros considerados menos honrosos recebem tratamento especial e que os membros que parecem menos decorosos tem atenção destacada (vv. 23-24). Finalmente, vem a afirmação solene de que Deus estruturou o corpo dessa maneira, concedendo maior honra aos membros que dela careciam, com o objetivo de prevenir a divisão e promover o cuidado mútuo (v. 25). Além da conexão prática, do cuidado entre os membros, há ainda a conexão emocional, com a unidade manifestada no compartilhamento das: ‘se um membro sofre, todos sofrem; se um é honrado, todos se alegram’ (v. 26).

Essa passagem ressalta a interdependência e a mutualidade que devem caracterizar as relações dentro do corpo de Cristo. Paulo denunciou o erro de desvalorizar certos membros ou funções na igreja, uma atitude que poderia gerar divisões e ressentimentos. Ele combateu a tendência de considerar alguns dons ou pessoas como mais importantes que outras, promovendo uma visão de integração onde todos são igualmente necessários e dignos de honra. O acerto promovido por Paulo é o reconhecimento de que até os membros que parecem mais fracos ou menos honrosos são indispensáveis para a saúde e a funcionalidade do corpo. As instruções oferecidas incluem a prática de um cuidado igualitário e a honra de todos os membros, independentemente de sua função ou aparência, garantindo que a igreja permaneça unida e coesa. Paulo nos chama a valorizar as contribuições de todos, compreendendo que cada membro, por mais aparentemente insignificante, desempenha um papel vital na edificação do corpo de Cristo.

Fomos levados a uma profunda reflexão sobre como tratamos uns aos outros dentro da comunidade da fé. Ele nos impulsiona a aplicar hoje o princípio de que cada crente, independentemente de sua função ou posição, deve ser tratado com honra e respeito. Somos compelidos a confessar que, muitas vezes, podemos negligenciar ou desvalorizar aqueles que desempenham papéis menos visíveis ou aparentemente menos importantes. O texto nos chama à conversão de atitudes de superioridade ou desprezo para uma postura de humildade e apreço por todos os membros do corpo de Cristo. Em termos de continuidade, este texto inspira uma prática litúrgica onde o cuidado mútuo e a solidariedade são centrais. Quando um membro sofre, todos devemos sofrer com ele; quando um membro é honrado, todos devemos compartilhar dessa alegria. A integridade do corpo aparece quando há uma verdadeira integração, quando cada crente está ligado aos outros pelo multiforme vínculo do Espírito. A igreja é chamada a refletir essa integração, promovendo uma comunidade onde os membros preferem uns aos outros, tanto para servir como para ser servido.

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Integridade, o estágio final do ciclo.

Algumas tentativas de combater o individualismo dos últimos tempos tem resultado idealização de uma comunhão ‘Kumbaya’, termo do crioulo gullah que era parte de uma canção devocional e se tornou hino de ativistas dos movimentos de ‘paz e amor’ dos anos 60. Essa comunhão hippie, com fim em si mesma, não expressa o ensino bíblico, especialmente o de Paulo quando usa a figura do corpo. A integralidade e a integração dos crentes deve resultar em uma funcionalidade missional e produtiva, que resulta em frutos para a glória de Deus. É isso que chamamos de integridade. Quanto aos aspectos da honestidade, transparência, fidelidade, retidão, eles são todos elementos do processo, na ausência ou contrariedade dos quais se perde a reunião, a conexão e o funcionamento da comunidade. Vejamos como Paulo ensinou sobre integridade.

27Ora, vocês são o corpo de Cristo, e cada um de vocês, individualmente, é membro desse corpo. 28Assim, na igreja, Deus estabeleceu primeiramente apóstolos; em segundo lugar, profetas; em terceiro lugar, mestres; depois os que realizam milagres, os que têm dons de curar, os que têm dom de prestar ajuda, os que têm dons de administração e os que falam diversas línguas. 29São todos apóstolos? São todos profetas? São todos mestres? Têm todos o dom de realizar milagres? 30Têm todos o dons de curar? Falam todos em línguas? Todos interpretam? 31Entretanto, busquem com dedicação os melhores dons. Passo agora a mostrar-lhes um caminho ainda mais excelente. 1Co 12:27-31 NVI.

Ao concluir o argumento sobre o corpo de Cristo, Paulo ainda enfatizou o funcionamento da igreja na diversidade de dons e funções. No versículo 27, ele afirmou claramente que os crentes são o corpo de Cristo, e cada um, individualmente, é membro desse corpo. Isso reforça a ideia de que, embora sejamos muitos, estamos unidos na única identidade em Cristo. No versículo 28, há uma lista de dons estabelecidos por Deus na igreja, começando com apóstolos, seguidos por profetas, mestres, operadores de milagres, aqueles que têm dons de cura, de ajuda, de administração e os que falam em diversas línguas. Essa lista destaca a variedade e a importância de diferentes funções na igreja, todas necessárias para a sua integridade funcional. Nos versículos 29 e 30, Paulo fez uma série de perguntas retóricas, deixando claro que nem todos possuem os mesmos dons, sublinhando novamente a diversidade dentro da unidade. Ele encerrou a seção no versículo 31, encorajando os crentes a buscar com dedicação os melhores dons, mas introduzindo a ideia de que há algo ainda mais excelente que seria discutido em seguida (o caminho do amor, em 1Co 13).

A passagem destaca a integridade do corpo de Cristo, que depende tanto da integralidade, a presença de todos, quanto da plena integração de seus membros. Paulo denunciou o erro de presumir que todos os membros devem possuir os mesmos dons ou funções, combatendo a ideia de uniformidade como substituto da unidade. Em vez disso, promoveu uma visão onde a diversidade de dons é fundamental para a integridade da igreja, permitindo que ela funcione eficazmente sob os desafios e pressões do cumprimento da missão. Paulo ensinou que, enquanto cada membro tem uma função específica, a busca pelos dons espirituais deve ser feita com dedicação e discernimento. Isso chama a atenção para o fato de que a integralidade e a integração não têm um fim em si mesmas, mas deve levar à funcionalidade produtiva enquanto a estabilidade é preservada: isto é integridade. Não surpreende então que haja algo superior, a ser introduzido em seguida, o amor, a preferência e escolha de um membro pelos outros. Essa perspectiva corrige qualquer tendência de individualismo ou competitividade dentro da igreja, redirecionando o foco para a colaboração e a busca do que é mais excelente para a edificação do corpo.

A aplicação prática deste texto na vida litúrgica da igreja nos chama a reconhecer e celebrar a diversidade de dons que Deus distribuiu entre os crentes. Ele nos leva a refletir sobre a importância de cada membro na obra de Deus, sem subestimar as contribuições que podem parecer menores aos olhos humanos. Esse texto nos compele a confessar atitudes de desvalorização dos dons alheios ou da própria função dentro do corpo de Cristo. Em termos de conversão, somos chamados a abandonar o espírito de competição e a adotar uma postura de serviço mútuo, buscando edificar uns aos outros. Finalmente, o texto nos inspira a continuidade no caminho da santificação, ao buscar com dedicação o dom com o qual poderemos funcionar e servir aos outros membros. A integridade da igreja se manifesta como o estágio final de um ciclo que começa com a reunião de todos os membros e, depois, com a conexão entre cada um deles.

A força motriz desse processo cíclico de três estágios é o amor. Esse fruto, desenvolvido pela atuação transbordante do Espírito Santo em cada crente, consiste na habilidade de preferir e escolher aos outros. Quando o amor está presente, nenhum membro é esquecido, ignorado ou desprezado. Quando os membros se amam uns aos outros, eles estabelecem conexões sólidas e duradouras. Com todos presentes e conectados pelo amor, o corpo de Cristo pode então funcionar perfeitamente, mesmo ao enfrentar situações difíceis e enfrentar tribulações para cumprir sua missão. Essa integridade alcançada no processo de reunião e conexão, abrange o caráter, a ética, a santidade, a inteireza na entrega e na dedicação, e tantos outros aspectos pelos quais as pessoas suspiram sem poder alcançar. A integridade só existe com integração, e a integração só é perfeita com integralidade.

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A integridade bíblica reflete a plenitude de Cristo.

O apóstolo Paulo disse aos filipenses que comunicar as mesmas coisas não lhe era cansativo e ainda era uma segurança para seus leitores ou ouvintes. Não surpreende, portanto, que ao longo de sua carta, ele tenha repetido cada um de seus ensinos tantas vezes. Inicialmente pensei em escrever uma pequena teologia bíblica da integridade, afinal este tema é urgente nesses dias de enfraquecimento da comunhão e destruição das comunidades. Perdoem-me se não o faço, mas vejamos pelo menos o ensino do assunto aos efésios. Vejamos como cada um dos elementos que vimos no texto aos coríntios estão presentes também aqui.

11E ele designou alguns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas, e outros para pastores e mestres, 12com o fim de preparar os santos para a obra do ministério, para que o corpo de Cristo seja edificado, 13até que todos alcancemos a unidade da fé e do conhecimento do Filho de Deus, e cheguemos à maturidade, atingindo a medida da plenitude de Cristo. 14O propósito é que não sejamos mais como crianças, levados de um lado para outro pelas ondas, nem jogados para cá e para lá por todo vento de doutrina e pela astúcia e esperteza de homens que induzem ao erro. 15Antes, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo. 16Dele todo o corpo, ajustado e unido pelo auxílio de todas as juntas, cresce e edifica-se a si mesmo em amor, na medida em que cada parte realiza a sua função. Ef 4:11-16 NVI.

Esta passagem na Carta aos Efésios, é sublime em seu chamado à prática da integridade. No contexto dos dons que alinham os crentes para a obra do ministério, Paulo ensinou mais uma vez sobre integralidade e integração como meios para a integridade. No versículo 11, Paulo listou diferentes funções dentro da igreja: apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e mestres. Esses papéis foram dados para ajustar os santos para a obra do ministério e para a edificação do corpo de Cristo (v. 12). O objetivo é que todos os crentes cheguem à unidade da fé e do conhecimento do Filho de Deus, amadurecendo até atingir a estatura da plenitude de Cristo (v. 13). Paulo, então, contrastou essa maturidade espiritual com a imaturidade, que é como ser uma criança jogada de um lado para o outro por ventos de doutrina (v. 14). Ele exortou os crentes a falar a verdade em amor, para que cresçam em Cristo, que é a cabeça do corpo (v. 15). Finalmente, no versículo 16, Paulo descreveu a igreja como um corpo bem ajustado e unido, onde cada parte desempenha seu papel, contribuindo para o crescimento do corpo em amor.

Nos primeiros versículos, em Efésios 4:11-13, Paulo estabeleceu a integralidade ao mencionar os diversos dons dados por Cristo à igreja, como apóstolos, profetas e mestres; esses dons representam todas as partes essenciais do corpo. Ele demonstrou integração ao explicar que esses dons são para ajustar os santos para a obra do ministério, unindo todos em um propósito comum. A integridade emerge como o objetivo final, que é alcançar a maturidade espiritual e a plenitude de Cristo. Nos versículos finais, 14-16, Paulo enfatizou primeiro a integridade, alertando contra a imaturidade espiritual e destacando a importância de crescer em Cristo. Ele reforçou a integração ao falar sobre o corpo bem ajustado e unido, onde cada parte trabalha em harmonia. Por fim, a integralidade ficou evidente na necessidade de que cada parte do corpo contribuir para o crescimento do todo, completando o ciclo de unidade em Cristo.

A proposta deste texto é destacar o processo de crescimento e maturidade que leva à integridade do corpo de Cristo. Paulo denunciou a imaturidade espiritual, representada pela instabilidade e suscetibilidade a falsas doutrinas. Ele combateu a ideia de que os crentes podem crescer isoladamente, insistindo que a maturidade e a integridade são alcançadas apenas quando o corpo funciona em unidade, cada parte contribuindo conforme o seu dom e chamado. A visão promovida aqui é de uma igreja onde a diversidade de dons leva à edificação mútua, e onde o crescimento individual e coletivo ocorre em direção a Cristo, que é a cabeça. As instruções oferecidas incluem o compromisso com a verdade, o amor e a cooperação, garantindo que a igreja, como um corpo, cresça em harmonia e cumpra sua missão.

A aplicação prática deste texto na vida litúrgica da igreja nos chama a reconhecer e celebrar a diversidade de dons que Deus distribuiu entre os crentes. Ele nos leva a refletir sobre a importância de cada membro na obra de Deus, sem subestimar as contribuições que podem parecer menores aos olhos humanos. Aqui, somos compelidos a confessar atitudes de desvalorização dos dons alheios ou da própria função dentro do corpo de Cristo. Em termos de conversão, somos chamados a abandonar o espírito de competição e a adotar uma postura de serviço mútuo, buscando edificar uns aos outros. Finalmente, o texto nos inspira à continuidade no caminho da santificação, buscando com dedicação o dom com o qual poderemos funcionar e servir aos outros membros. A integridade da igreja se manifesta como o estágio final de um ciclo que começa com a reunião de todos os membros e, depois, com a conexão entre cada um deles.

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A força motriz desse processo cíclico de três estágios é o amor. Esse fruto, desenvolvido pela atuação transbordante do Espírito Santo em cada crente, consiste na habilidade de preferir e escolher aos outros. Quando o amor está presente, nenhum membro é esquecido, ignorado ou desprezado. Quando os membros se amam uns aos outros, eles estabelecem conexões sólidas e duradouras. Com todos presentes e conectados pelo amor, o corpo de Cristo pode então funcionar perfeitamente, mesmo ao enfrentar situações difíceis e tribulações para cumprir sua missão. Essa integridade alcançada no processo de reunião e conexão, abrange o caráter, a ética, a santidade, a inteireza na entrega e na dedicação, e tantos outros aspectos pelos quais as pessoas fora da igreja suspiram sem poder alcançar. A integridade só existe com integração, e a integração só é perfeita com integralidade.

Foto de José Bernardo

José Bernardo

Fundador e presidente da missão AMME

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