Cultivando a vida devocional no ministério.
Tenho procurado nivelar pelo alto a Palavra e o Poder em nosso ministério. Nós temos sido sempre um ministério fortemente fundamentado na Teologia Bíblica, mas alguém poderia dizer que carecemos de mais vida devocional. Então, nos últimos anos, temos procurado nos desenvolver na oração e em outras práticas devocionais, inclusive a contemplação. Temos experimentado grandes coisas da parte de Deus, estamos alegres e ainda queremos progredir.
Recentemente estudei o livro Scala Claustralis de Guigo II (século 12), trabalho que normatizou a Lectio Divina (Leitura Divina ou Espiritual), vocação de Jerônimo, Bento de Núrsia e Agostinho de Hipona, bem como muitos outros teólogos entre eles e ainda depois. Guigo propôs que a Lectio Divina seja realizada em quatro estágios. Nas palavras dele: “A leitura, portanto, procura a doçura de uma vida abençoada, a meditação a encontra, a oração a demanda, a contemplação a saboreia.”
Estamos estimulando nossa equipe e as igrejas que servimos a fazer esse exercício de ler as Escrituras, meditar e orar sobre elas e, finalmente, contemplá-las. Nosso primeiro esforço com essa regra tem sido o devocionário Alcance, para aprendizado sobre os povos não alcançados, o Final Third. Orar dessa forma por missões, na segurança que a Palavra de Deus oferece, tem sido maravilhoso.
Na procura por uma vida abençoada, lemos as Escrituras que tratam de um assunto sem fazer racionalizações filosóficas ou humanísticas sobre o tema. Identificamos uma questão ou problema e procuramos um texto que fale sobre o assunto. Então lemos o texto com reverência e temor, compreendendo cada palavra e expressão que ele traz, fazendo somente as perguntas que o texto quer responder.
Para encontrar a doçura da Palavra que procuramos, meditamos cuidadosamente no texto extraindo seu significado. Para isso, temos sempre em mente a ferramenta ‘Ofelimos’, termo grego que se traduz como ‘lucro’ e que aparece em 2Tm 3:14-17. Usando essa ferramenta, indentificamos o ensino apresentado e depois a denúncia de erros, a promoção de acertos e a instrução para a perseverança. Desta forma, nunca inventamos significados que o próprio texto não traz, nem fugimos de sua estrutura original.
Para requerer a doçura encontrada, oramos conforme as Escrituras. Para isso, procuramos dentro do texto sobre o qual meditamos os motivos para a adoração, confissão, gratidão, submissão e dedicação. Estas são as cinco disciplinas espirituais que reconhecemos ao longo das Escrituras e que fazem parte de nossa constante busca por elevação espiritual.
Finalmente, para saborear a doçura que requisitamos, contemplamos a Palavra de Deus que lemos e sobre a qual meditamos e oramos. Entendemos a contemplação como um exercício de quietude e visão espiritual, em que procuramos ver o texto bíblico pelos olhos da fé, sem nos deixarmos interromper pelo barulho das engrenagens de nosso próprio cérebro.
Experimentar a Lectio Divina tem sido tão delicioso espiritualmente quanto é saborear uma fruta deliciosa fisicamente. Deus tem nos dado maravilhosas experiências nessa escada devocional e sabemos que há ainda muito mais para experimentarmos.